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Diante da alta disponibilidade de soluções, caminhos, tecnologias e desafios a serem superados na adoção da jornada digital das empresas, surge a dúvida de como orquestrar a iniciativa e condução dos projetos de IIoT?

Como se estabelece a comunicação entre os stakeholders internos?

O documento IIC:PUB:G1:V1.80:20170131 – The Industrial Internet of Things Volume G1: Reference Architecture traz a relação da arquitetura estruturado por camadas em sentido top-down chamados viewpoints com base nos conceitos da norma ISO ‘ISO/IEC/IEEE 42010:2011.

O objetivo do documento é ser um modelo de arquitetura para definir os requisitos de sistemas IIoT assim como uma coordenação da comunicação dos stakeholders internos e externos desse processo.

Architecture-FrameworkFonte: IIC:PUB:G1:V1.80:20170131 – The Industrial Internet of Things Volume G1: Reference Architecture

As quatro camadas são:

  • Business – estabelece o alinhamento do sistema de IIoT com as necessidades de negócio e mapeia as principais capabilidades do sistema. De interesse dos tomadores de decisão, gerentes de produtos e engenheiros de sistemas.
  • Usage – Concentra-se nas expectativas de uso do sistema e representa as sequências de atividades dos usuários com o sistema. Os principais stakeholders são engenheiros de sistemas, gerentes de produto e quem representa a visão do usuário final.
  • Functional – foca nos componentes do sistema IIoT, a estrutura e interrelação entre as diversas partes do sistema para atingir os objetivos de uso. De interesse de arquitetos de sistemas, integradores e desenvolvedores.
  • Implementation – concentra-se nas tecnologias necessárias para implementar a camada funcional, esquemas de comunicação, etc. De interesse de arquitetos de sistemas, integradores e desenvolvedores.

Basicamente a hierarquia é top down e inicia pela visão do maior nível representado pelo decisor que impõe os requisitos do negócio as camadas abaixo.

Em quais verticais de negócio podem ser adotadas a arquitetura?

A matriz abaixo responde de maneira clara e com uma visão completa que todos os setores industriais, não somente de manufatura, podem se beneficiar do uso dessa arquitetura e ordem de definição e aplicação do que será feito, por quem, e o resultado esperado. Além dos inúmeros segmentos como Saúde, Energia, Transporte e Manufatura, podemos ver como o ciclo de vida do processo, desde a concepção, teste e implantação são tratados e relacionados.

Relationship-among-IIRA-Viewpoints-application-scop-and-system-lifecycle-processFonte: IIC:PUB:G1:V1.80:20170131 – The Industrial Internet of Things Volume G1: Reference Architecture

 As iniciativas estão alinhadas?

Vemos muitas iniciativas de 4.0 pulverizadas e sem um plano de comunicação definido e aplicado. É importante definir quais resultados espera-se obter com a adoção de uma solução desse tipo e o alinhamento com os patrocinadores das iniciativas. Vemos diversas iniciativas de descoberta, em que o foco está em descobrir a aplicação e funcionalidade tecnológica sem um objetivo de negócio pré-estabelecido.

O IIC também reforça em diversas publicações a necessidade de entender, participar e caminhar dentro do ecossistema de stakeholders internos e externos, clientes e fornecedores. Mesmo que as iniciativas de IIoT foquem resolver um desafio interno de fabricação o envolvimento desde o início dos as empresas que fornecem as soluções são primordiais para o sucesso ou fracasso do projeto. A muitas disciplinas, especialidades que compõem uma solução completa de IIoT. São equipamentos, sensores, protocolos, bancos de dados, analytics, big data, edge, BI, dentre inúmeras outras, cada qual com sua expertise.

Hardware industrial ou acadêmico?

Desafios como incompatibilidade, dimensionamento e principalmente a capacidade de escala e ciclo de vida dos produtos e plataformas são fatores chave para validar um projeto piloto. Há um cuidado especial a ser tomado com uso de hardware desenhado para uso industrial e não caseiro. Hardware industrial tem controle do ciclo de vida, suporte do fornecedor e capacidade para rodar nas mais variadas condições de chão de fábrica, como variação de temperatura, pó, vibração, etc. diferente de um dispositivo para teste em bancada, sem certificação, sem controle de versão e sem previsibilidade de atualização e continuidade. Esses dispositivos fazem todo sentido para uso pedagógico e acadêmico, mas não em uma linha de produção.

Isso tem se tornado frequente no uso de projetos piloto, principalmente pela atratividade do custo, porém inviabiliza a análise consistente de expansão para o resto da fábrica ou até mesmo para outras unidades de produção.

Planejar com assertividade a comunicação e expectativas antecedem qualquer aplicação tecnológica e permitem medir de maneira mais clara o objetivo final do negócio.