A indústria brasileira, que está diante de um cenário desafiador com alto custo de produção combinado com baixo uso da capacidade instalada e queda na produtividade média na última década de acordo com dados da CNI.
Diante desse contexto temos outro indicador que é a idade média de máquinas e equipamentos. No Brasil a idade média é de 17 anos enquanto nos Estados Unidos é de 10 e na Alemanha de 5 anos, de acordo com a Abimaq.
Tal nível de obsolescência diminui a competitividade e fragiliza o futuro da empresa no competitivo mercado que conta com atuação de produtos importados e concorrência interna.
Nesse post, meu objetivo não é discutir os motivos do alto nível de obsolescência do parque industrial e os entraves para sua modernização, mas sim apresentar as razões e benefícios da atualização.
Quando falamos de modernização de máquinas e equipamentos temos um projeto multidisciplinar que envolve desde civil, mecânica, hidráulica, elétrica e automação. O foco desse post será no último estágio, a automação.
Por que é necessário a modernização?
1 – Hardware: uma automação antiga pode ser composta de controladores descontinuados o que acarreta os seguintes desafios:
– sem itens de reposição.
– sem suporte técnico do fabricante.
– falta de hardware compatível para rodar sistemas operacionais antigos como Windows NT, 2000, 2003, XP.
– necessidade de manter computadores antigos, sem peças de reposição, para rodar o sistema.
2 – Software: acompanhando a obsolescência do hardware o software segue a mesma linha:
– sem comercialização de ferramentas de programação.
– dificuldade de manter as ferramentas de programação em funcionamento, que normalmente rodam em sistema operacional DOS ou Windows descontinuado.
– sistema operacional obsoleto, sem atualização pelo fabricante e vulnerável a ataques cibernéticos como vírus, roubo de dados que podem comprometer definitivamente a operação do sistema.
– dificuldade de executar backup pela ausência de USB ou comunicação em rede que facilitem a operação.
3 – Pessoas:
– dificuldade de encontrar manuais ou informações consistentes em fóruns na internet.
– difícil encontrar pessoas capacitadas para realizar o suporte.
– impossibilidade de realizar treinamentos, uma vez que o fabricante encerrou a comercialização do produto.
Como justificar o investimento?
A modernização é medida determinante para manter a indústria competitiva e reduzir os riscos de prejuízos por paradas inesperadas de produção que demandariam um tempo incalculável de restabelecimento. Algumas perguntas podem nortear o embasamento dessa justificativa:
Qual o custo da hora parada da sua produção?
Qual impacto na imagem da empresa gerado por atraso na entrega de produtos aos clientes?
Há uma estratégica clara e executável, hoje, se ocorrer uma falha em um desses equipamentos obsoletos? Existem materiais e pessoas prontas para um atendimento desses?
Qual o custo de manter um sistema antigo em operação?
Qual a redução de consumo de energia e insumos um equipamento mais moderno traria?
As políticas de segurança e governança de TI permitem o uso de sistemas operacionais descontinuados na rede corporativa da empresa?
Quais os benefícios da mudança?
1- Redução do risco de paradas por falhas em equipamentos sem peças de reposição. Você arriscaria pagar para ver?
2- Redução do tempo de reparo (MTTR) em caso de substituição de um cartão do controlador ou restauração do backup, por exemplo.
3- Redução do tempo entre falhas (MTBF) de equipamentos modernos, com suporte do fabricante, peças de reposição no mercado e mais pessoas capacitadas para realizar o atendimento
4- Possibilidade de usar novos recursos como adotar o uso de dispositivos móveis, câmeras, relatórios mais ricos e com mais opções de análise.
5- Minimiza o efeito de se tornar refém de uma única empresa ou pessoa que conhece o sistema e possui meios de realizar o suporte em função do nível de obsolescência.
Diante desse conjunto de fatores de risco e benefícios fica claro a importância de modernização dos sistemas obsoletos. Na indústria, modernizações desse nível de complexidade costumam ser lentas, graduais e seguras. Para isso é necessário um planejamento prévio detalhado que garanta o menor impacto possível da produção durante o período de migração.
No próximo artigo falaremos dos passos necessários para ter sucesso nesse processo de migração.
Até mais!
Eduardo Vieira – Brasil Logic Sistemas