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Os benefícios trazidos pela adoção de um gerenciador de bateladas normatizado pela S88 já foi tema de outro post e pode trazer grandes benefícios paras as empresas que o adotam. Porém nesse texto vamos comentar alguns cuidados para que essa integração seja bem feita em um sistema existente, considerando um cenário em que as camadas de CLP e supervisório já existem na planta.

Compatibilidades

O primeiro ponto a ser analisado é a compatibilidade do controlador com o gerenciador de bateladas, sendo os seguintes pontos relevantes:

a. Existe PLI* disponível para esse fabricante/ modelo de CLP no gerenciador de bateladas que deseja-se implantar?

PLI (*Phase Logic Interface) é a interface padrão entre o gerenciador de bateladas e a lógica das fases desenvolvidas no CLP. Essa interface define as regras, tags, lógica e formato de comunicação entre o CLP e o gerenciador. Se o fabricante possui a PLI disponível, você terá acesso a um modelo, normalmente disponibilizada no formato do arquivo de programação do controlador. Se não existir, será necessário estudar o manual de desenvolvimento e construir esse modelo de comunicação de acordo com os requisitos do fabricante do gerenciador de bateladas.

b. É possível readequar a programação do CLP para que execute as fases de acordo com os requisitos da PLI?

Uma análise minuciosa da lógica programada no CLP é imprescindível para responder essa questão. Em muitos caso a melhor estratégia é criar toda a estrutura do zero ao invés de adaptar uma lógica existente não concebida dentro das normas da S88.

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c. Como o sistema supervisório será integrado com gerenciador?

Aqui entra um ponto  fundamental para definir a estratégia de operação. Quais recursos do gerenciador estarão dentro da plataforma do supervisório? Seguindo a linha de raciocínio de plataforma única, cabe a investigação se o gerenciador disponibiliza componentes para serem adicionados ao supervisório, como interface para solicitar receitas, grafcet de acompanhamento da produção, dentre outros. Dessa forma, na visão operacional, não existe supervisório, gerenciador de bateladas ou outro software qualquer. Para ele existe uma única interface onde é possível acessar todos os recursos necessários.

d. Já existe sistema de relatório de produção integrado na planta?

Caso o sistema já possua um sistema de relatório de produção, é necessário identificar de que forma ele será integrado com o gerenciador de bateladas. Como trocará dados e se é possível gerar, no mínimo, as mesmas informações com essa nova estratégia de controle.  Também é relevante a avaliação se esse sistema continuará ou deve ser substituído por outro, com maior aderência ao gerenciador de bateladas.

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e. Como está a saúde da infraestrutura de comunicação da planta?

Uma avaliação do desempenho da rede de comunicação é fundamental para essa integração. Muitas redes de automação existentes estão sobrecarregadas, lentas, com perda de pacotes e muitos erros de comunicação.

Por melhor que seja seu produto, sua modelagem e integração, se a estrutura de comunicação estiver deficiente, a percepção do cliente será negativa.

Fica claro a necessidade de um trabalho minucioso de investigação do sistema existente antes de iniciar qualquer tipo de  integração. Esses foram somente alguns pontos destacados sendo que cada projeto tem sua particularidade e merece um levantamento dedicado. Além disso, essa estratégia é aplicável não somente para um gerenciador de bateladas, mas para qualquer projeto de integração com sistemas legados.